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O nascimento da Moda

 

A verdade é que parecemos ser a única criatura em constante mudança, intencional, sempre a procura de alcançar o ideal, uma forma de vestir que transmita nossa essência – o que somos e o que pensamos. A moda, escreve Sapir, para alguns é “uma espécie de capricho”, ao passo que para outros é apenas “uma nova e incompreensível forma de tirania social”. Mas para Stoetzel, a moda é “a mudança gratuita, a mudança por amor à mudança”. Foram variados os fatores que concretizaram a moda no que ela o é, e de um modo geral, entendemo-la como um ganho contínuo, um espelho que reflete a sociedade em todos os complexos aspetos que a compõem. Contudo, para tentar compreender minimamente o que foi e o que é a moda, é necessário recuar ao longo da História para perceber como o conceito foi evoluindo e adquirindo significados distintos. Antes de mais, e começando pelo meio da conquista da moda, é importante referir o papel da Revolução Francesa que levou a abolição das leis sumptuárias do século XV. Estas leis regulamentaram minuciosamente as roupas, as cores, os tecidos que cada categorial social devia usar; em exemplo concreto temos Milão em pleno ano de 1565, onde as leis sumptuárias proibiam os “artificies e vendedores” de usar roupas de seda, que eram de uso exclusivo aos nobres. Também a separação de vestidos dignos de mulheres solteiras, casadas ou viúvas eram determinadas por lei. Dentro da categoria do género e classe social, a indumentária da prostituição também estava regulamentada - a título de curiosidade, em Pádua, as prostitutas ostentavam um capuz vermelho, em Milão estavam proibidas de vestir preto e em Dijon não lhes era permitido o uso da touca ou do véu. Mas é com as inovações técnicas do século XVIII e com as alterações significativas na produção dos têxteis que esta acarretou consigo, que a moda se torna de facto uma indústria. A criação da Indústria da moda surge, então, como sendo um dos reflexos da afirmação da classe burguesa, que passa a transgredir as leis sumptuárias e a apropriar-se de peças do vestuário aristocrático. Deste modo, de certa forma, devemos a democratização da moda, a igualdade das aparências e outros princípios defendidos pela moda contemporânea, à burguesia...

 

Outro nome incontornável no mundo da moda é Charles-Frédérick Worth, que no séc. XIX transforma o alfaiate em artista, é ele o criador da Haute Couture, responsável pela transformação da conotação do alfaiate “artesão repetitivo e tradicional, num criador, génio artístico e moderno”. O Prêt-à-porter, criação do séc. XX, foi o marco democratizador na passerele, e marcou indubitavelmente a história da moda ao estilizar a moda industrial fazendo oscilar o pêndulo da moda de elite para a moda de massa. 

 

Ainda hoje a associação de moda á futilidade, é rápida. A moda é fruto de muitos defeitos da alma humana: em primeiro lugar da vaidade, da ambição e da luxúria...

 

 

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© Vanitas&Culture by SANTIAGO LOURENÇO

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